Os cabelos mudaram muito. Da primeira vez que vi o Chico, “à primeira vista” parecia uma cópia banto do Cebolinha do Maurício de Souza. Literalmente minha tribo me perdeu quando ouvi a envolvente “Isso”, as dançantes “Benazir” e “Mandela” e a pura poesia de “Esta”. Ele perguntava “Onde estará o meu amor” e os ouvidos sedentos de qualidade o agradeciam. Construía um templo de asseclas definitivamente adoradores desse meio inca, meio maia, muito pigmeu vindo de Catolé do Rocha. Em mim, de certa forma faltava a prova final de que não se tratava de mais um talento efêmero.
Foi a primeira vez que lhe vi em carne e osso. A figura que lembrava o Cebolinha havia desaparecido. Cabelos ponderados, óculos que protegiam os olhos tristes da fita e eis que a prova final ele apresentaria ali, no aconchegante teatro Nazaré Fiquene, de supetão. O que era aquilo? Que diabos de cantoria era aquela? Era “Porque você não vem morar comigo”, a mais bela declaração de amor versada em canto. Fiquei catatônico! Só os ouvidos funcionavam, não via nada, não sentia calor nem frio. O corpo era letargia pura! Só os ouvidos funcionavam.
Àquela altura, eu estava, por assim dizer, satisfeito. Daí me aparece ele com Francisco Forró Y Frevo e me joga contra a parede mais uma vez. Com um visual muito distante da última vez que o vi, agora sob uma vasta cabeleira Black Power e um sínico bigode à la Samuel L. Jackson em Pulp Fiction, é direto e infalível dizendo “Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa...” trazendo em sua companhia, simplesmente Dominguinhos. Hipnotiza seus ouvintes com a levada reggae de “Dentro” e agora, de quebra, em parceria com o vozeirão do Seu Jorge. Isso sem falar da deliciosa “Feriado”.
Na Roma antiga era costume saudar os imperadores com o ‘ave César”. Por justiça poética, o Chico de quem falo é César. Fazendo jus àqueles que merecem o tratamento de imperador, não por impor poder ou riquezas, mas por enaltecer a bandeira da boa sonoridade e o respeito aos ouvidos mais acurados, saúdo com um ave César, o Chico: ave Chico César!
P.S: Ouça Francisco Forró Y Frevo no volume máximo!
Ronald Corrêa
(24.11.2009)
Lindo, lindo...esse seus olhos...!
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